13 dezembro 2012

Carros Vintage!


Carros Vintage aka* Chaço!

É de conhecimento de toda as pessoas que me conhecem (passando a redundância), que eu tenho um real chaço! Carrinho de 1992!


A história começou assim:

Acabadinha de tirar a carta, o meu pai disse que me iria oferecer um carro. Fiquei mais que contente. Disse-me qual era a marca e o modelo, que era um carro de umas pessoas conhecidas e que estava em muito boas condições! Realmente tudo era verdade. Mas qual não foi o meu espanto quando ao pôr os meus olhos no carro apercebo-me que não era o modelo que eu andava a piscar o olho, mas sim o mais antigo!
Entramos no carro e fomos dar uma volta. Perguntava-me o meu pai:
Então o que achas? Está bom não está?
Sim está. Mas é um bocadinho velho!”. Disse-lhe, meio que sem jeito. “A direcção é tão rija”. Ele responde-me com muita prontidão: “Isso depois habituas-te. É para tirares a experiência, depois logo se vê outro.
E tal como se diz que a cavalo dado não se olha a dente, lá viemos com o carro.

Mal eu sabia que este carro iria estar comigo durante muitos mais anos.

Recebi as recomendações que qualquer nabiço, quando tira a carta e se estreia no seu primeiro carro, recebe. Dizia-me ele “Agora tens de ter cuidado, atenção às velocidades, cruzamento, rotundas e aos chicos-espertos!”. Eu anuía com a cabeça “Sim pai, não te preocupes!”.
No dia seguinte, pego no meu irmão, entramos no carro e ala que se faz tarde. Fomos até ao Colombo. Obviamente que o trajecto que fizemos foi o mesmo que a camioneta fazia, pois não sabia de outro. e verdade seja dita, tinha receio de nos perdermos. E não queria fazer figura de ursa na nossa primeira volta! :)
Esta foi a minha primeira volta de carro. Muitas após esta, vieram!

O meu carro já fez Portugal, literalmente, de Norte a Sul.

Serviu também de restaurante. Carro-restaurante, como lhe chamavam os meus colegas de faculdade. isto porque quando estava a estuar de noite e a trabalhar de dia, antes de entrar para as aulas, eu jantava no carro.
(A propósito de colegas de faculdade, aproveito para mandar um beijinho ao casalinho que fez no dia 29 de Outubro, 1 aninho de casado. Que tudo esteja a correr bem.**)

Ele tem mais manhas, que nem vos passa pela cabeça. 
Quando passa por cima de uma poça, faz uma chiadeira doida por baixo e acende a luzinha da bateria.
Se recebe combustível lowcost está constantemente a ir abaixo. Tem mania que é fino!
Se levava combustível a mais, havia um tubo de vertia.
Em dias frios, ninguém - a não ser eu – consegue pôr o carro em andamento.
Agora atenção: gasta quase 0,9L/100km...... (Não, não é nenhum desportivo, é velho! E como tal, não é eficiente!)

No tablier existem umas particularidades muio engraçadas, que assinalei com uma estrelinha:

Vamos lá ver o que se passa aqui:
Nos km/h podem ver que está marcado 40, mas na verdade eu estou parada! Este problema existe porque há uma peça que está a faltar, chama-se bicha do conta-km, e isto faz também com se oiça um ruido constante, tipo: tik-tik-tik, que vai acelerando ou abrandando conforme a velocidade com que ando.
Pode variar entre o:
tik  -  tik  -  tik  -  tik  -  tik
ou
tiktiktiktiktiktiktiktiktiktiktik
Muito giro!!
Relativamente ao nível do depósito, como podem ver está cheio, mas a luz da reserva está acessa!
Pensam vós que alguma das duas coisas está estragada, certo??
Errado!!!!! 
Nem uma coisa nem outra funciona!!! Sabem como faço?
Passo a explicar:
O depósito leva +/- 27Lt, e com estes litros anda +/- 300km. Cada vez que atesto, tenho que colocar os km a zero. Quando chega aos 300km tenho que ir atestar, se não...!



Aqui o único problema é a peça dos quatro piscas. Existe um papelinho a segurar, caso contrário a peça cai (por força da mola), e os quatro picas ligam-se.

Agora a história mais surpreendente:
Num destes invernos, o carro deixou entrar água por baixo. Mas não consegui detectar inicialmente este problema pois foi mesmo por debaixo do banco do passageiro. Sabem como dei com ele? Podem não acreditar, mas foi o que aconteceu.
Um dia entro no carro e vejo uma coisita, parecia uma bolinha de papel presa ao revestimento do carro quase junto à manete das mudanças. Não liguei, pois na próxima limpeza dava conta daquilo. Mas qual não foi o meu espanto quando dois dias depois tinham um cogumelo!!!!!!!!!!! Sim, minha gente, leram bem: um cogumelo dentro do meu carro!!!!
Era pequenito e tinha um chapelinho e tudo! Fiquei um bom bocado especada a olhar para aquilo! Nem queria acreditar! Tirei-o fora. No dia seguinte a mesma coisa! Outro cogumelo! “Como é que é possível?”, pensei eu.
No fim-de-semana tirei os tapetes todos e foi nessa altura que dei com a água por debaixo do banco do passageiro! Passei tudo com lixívia. Foi remédio santo, pois nunca mais lá “nasceu”  nada.
Agora pensem, quantas pessoas é que têm cogumelos a crescer dentro do carro? Isto ainda foi motivo de conversa e gargalhadas por muito tempo! "Ah e tal, devias te dedicar à cultura de legumes biológicos!"

A última que me fez, foi querer sair do carro e não conseguir. O coisinho para abrir a porta por dentro (o carro estava trancado) estava muito perro. Tive de abrir a janela e com a chave por fora é que consegui sair!
Enfim!

E existem mais histórias!

Sempre me queixei, mas a verdade é que sempre me levou a onde quero!
E hoje em dia faz-me uma falta doida! Como o meu actual trabalho é longe de minha casa, faço a minha viagem de comboio e depois tenho o carro na estação, que me leva par ao trabalho. Se tivesse que apanhar ainda outro transporte, demoraria muito mais tempo. Por isso sei bem o valor que as minhas 4 rodas têm na actualidade! E para meu bem, que durem por muitos anos!

Já estou como o meu pai diz:
"Assim é que se distinguem os condutores! Carros bons todos sabem conduzir!"



Beijinhos! 



*aka = also known as
** Não, eu não me esqueci.